Simplesmente MARIA
Hoje,
vinte e quatro de maio de dois mil e quatro, depois de um dia agitado
de trabalho, na volta para casa, ao sentar-me na poltrona do
coletivo, enquanto contemplava as cenas de tudo que acontecia do
outro lado da janela, e o coletivo, que percorria as ruas alagadas
pela chuva que castigava o coração da cidade, deparei-me com uma
cena que contrastava com o cenário frio e úmido daquela noite lá
fora. Em meio ao trânsito caótico, buzinas, pessoas agitadas que
corriam de um lado para outro, tentando se esconderem da chuva que
caía, vi uma senhora parada, bem ao lado do coletivo, em seu
automóvel, que conversava carinhosamente com o seu filho. Parecia
uma conversa tão gostosa, meiga, tão pura e angelical, que
simplesmente fiquei observando por alguns segundos até o farol
abrir, e ela como surgiu, partiu. Então, eu pude perceber, que em
todos os momentos e lugares, uma mãe é, e sempre será simplesmente
uma mãe. Em
meio a essa cena divina, fui arrebatado em pensamento pelas asas do
tempo, e através da minha imaginação, encontrei-me aos braços da
minha mãe. Nesse
momento a saudade me encheu, quase ao ponto de dilacerar-me o
coração, e fiquei pensando e relembrando do seu amor, do seu jeito,
da sua pessoa, enfim da minha mãe. Faz onze anos...quanta
saudade!!...O tempo passou na minha mente, transportando-me à minha
infância, juventude, mocidade...meu lar. Eu só pude, nesse momento,
agradecer a Deus por ter tido tal mulher em minha vida, aquela que me
ensinou, acima de tudo, a ser um homem. Nesse momento o sentimento
eterno de filho amado me fez lembrar de você novamente...Mamãe...era
assim que eu a chamava e será assim que sempre a
chamarei...Simplesmente Maria...Maria...Santa Maria...Enquanto
viveu, rogou por nós, Maria...Suprema Maria...benditos os filhos do
teu ventre. Mulher de sorriso fácil, coração alargado, mãos
carinhosas, palavras de vida...Maria...cheia de sabedoria...Maria mãe
de Maria...que sempre recomendava, não faça isso, nem aquilo ou
aquilo outro...Maria, que esquecia de si, mas nunca dos outros...Maria,
para mim, imaculada...sofria, chorava, mas não lamentava, só
amava...e como amava, amava sem esperar nada em troca, era nato isso
nela.Maria...Maria
que em meio as dores... enfrentava, muitas vezes sozinha, tantos
dissabores...Nossas dores ela levava sobre si, nossas tristezas eram
dela, nossas lutas, nossos medos, tudo transformava-se em força e
coragem...Maria...Maria...tantas vezes tão fraca, se fazia de forte,
afugentava a morte, não deixava transparecer a dor, não murmurava,
agradecia por tudo ao grande Senhor...Maria de fé...Maria de
José...rainha, soberana sabia comandar...protetora, cuidadosa e
fiel...Maria de Manoel, quanta doçura...seus olhos refletiam a
ternura a paz e o amor, nada tirava sua alegria, que pessoa feliz!
Ah! Maria de Luiz...a luz estava em ti...iluminavas nossos caminhos,
nossos passos, nossas vidas...mas, cadê você Maria?...com seu
olhar perene...Maria de Marilene...cheia de brincadeiras e de vigor,
apesar da idade, era jovem, apesar do cansaço, sempre tinha forças
para nos conduzir...nos conduzir pelos caminhos da vida, dos sonhos,
do amor...Para ela, nada era sacrifício, mas, cadê você?...Maria
de Maurício...uma vida gerou tantas vidas, vida que nunca se foi, é
sempre presente...Viveu
pouco, mas sempre será lembrada...lembrada pelo viver, pelo dom de
amar, de encorajar, e de nunca desanimar...Maria otimista,
incansável, verdadeira...Obrigado,
Maria... pelo seu cuidado, pelo seu carinho, pelo seu amparo...Maria
mãe de Mauro...ao seu lado estávamos seguros, nada nos assolava,
bendita fostes, oh! mulher...que mulher! Mulher de verdade...as vezes
sofrendo, mas, sempre bendizendo, por dentro chorando mas por fora
sorrindo...não de fingimento, protegendo...mulher de família, de
fibra, mulher assim, jamais se esquece...Maria...esposa
de Luiz, mãe de Bernadete, cuidava de todos, de uma mulher assim,
como a gente esquece?...o tempo, as vezes nos tenta a tentar
esquecer, por causa da saudade e da dor da perda, daquela que nunca
esqueceu, nem por um segundo daqueles de quem para sempre
viveu...Você se foi sem nunca ter ido, você está, mas não é
presente, você é presente no meu passado...você é especial nunca
deixará de ser..sim, eu choro interiormente, e exteriormente também
ao lembrar-me de ti...que pessoa maravilhosa você era...de tudo você
ria...você era simples, tão simples, simplesmente, Maria...minha
mãe...nossa mãe...enquanto eu aqui viver, direi das suas virtudes. Enquanto
vida em mim houver, lembrar-me-ei de ti...Maria.
Simplesmente...Maria.
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