Você sabe o que é amor?

Seguia em meu trajeto, trabalho residência, concentrado em uma absorvente leitura, sem me importar com tanto falatório dentro do coletivo. De repente, uma pergunta penetrou os meus tímpanos, tirando-me a concentração e fazendo-me refletir no que acabara de ouvir. Provavelmente somente eu ouvi aquela pergunta. E você sabe o que é amor? A pergunta que tinha a conotação de uma resposta misturada com um pouco de decepção com a pessoa do outro lado do telefone, partiu de uma adolescente, que a meu ver, não tinha mais do que doze anos de idade. Percebi posteriormente que era uma conversa de dois inocentes alucinados sentindo as flechadas do cupido. Fechei o livro e pensei no que ouvi. Olhei às pessoas a minha volta e mentalmente formulava a pergunta: e você, e você, e você sabe o que é amor?
Por fim, eu também precisava responder. Seria o amor apenas um sentimento expressado em canções românticas, fruto de buscas ou decepções amorosas de seus autores? Seria o amor o sentimento que move as paixões, que inspira os poetas, ou a razão de uma mãe dar a vida por um filho? Uma mescla de sentimentos percorreu a minha mente, mas naquele momento eu percebia que o amor ainda era um verbo indefinido. Em frações de segundos percorri os quatro cantos da terra para ver o motivo do caos. Seria a falta de amor? Qual a razão de ser das guerras, dos assassinatos, da violência entre seres da mesma espécie? As pessoas se amam, declaram seu amor e exigem ser amadas, porém, não se entendem, vivem em guerra. Parecia ser o motivo e razão do desentendimento entre aquela jovem e o seu amado. Ela desligou o telefone rispidamente e se aquietou.
Da semente do amor brotou um ramo de discórdia, de mágoa, de rancor, que se cultivado, daria um belo fruto de sofrimento e ódio. O amor existe, mas o que é o amor? Eu mesmo não encontrava a resposta que me satisfizesse. Aprofundei a pergunta da garota e me perguntei, qual a fonte do amor ou melhor ainda, quem é o amor? Talvez você estranhe a pergunta: quem é o amor? Mas é isso mesmo, o amor é uma pessoa. Deus é amor e a fonte inesgotável de todo o amor. Esbocei um sorriso interior, do fundo da minh'alma e descobri, que embora tendo mais de cinco vezes a idade da garota, eu ainda não conhecia o amor.
Ele procede de Deus. O que falta nos relacionamentos humanos é Deus. O motivo das guerras é a falta do Deus do amor. A intolerância, a discórdia, o preconceito, o racismo, o ódio e tantos males que estamos nos acostumando a presenciar, gera um desconforto e uma insatisfação no viver humano culminando com depressão, medo, ansiedade, angústia, solidão, sofrimento, dor e morte em boa parte dos humanos. O amor precisa deixar de ser um sentimento empírico, muitas vezes inexplicável, um substantivo abstrato, que depende muito da ocasião, das pessoas as quais destinamos o nosso amor, do momento, para ser um substantivo concreto que emana das pessoas em forma de atitudes pessoais.